Três dias para ajudar a definir o futuro da Cultura em Joinville

Foi aberta hoje a consulta pública ao documento com as propostas e diretrizes de caráter geral do Plano Municipal de Cultura de Joinville. A consulta permite que a sociedade civil avalie se a redação final contempla todas as propostas de caráter geral estabelecidas nas Conferências Municipais de Cultura de 2007 e 2009 e sugira alterações que considerar necessárias.

O Plano Municipal de Cultura irá determinar as políticas públicas na área da Cultura durante os próximos dez anos. Portanto, é fundamental que todos estejam conscientes de que este é o momento de verificar se todas as demandas surgidas nas últimas Conferências estão presentes no texto final do Plano.

O texto com as propostas de caráter geral do Plano encontra-se disponível no blog do Conselho Municipal de Política Cultural:
http://cmpc-jlle.blogspot.com/2011/10/apreciacao-publica-das-propostas-gerais.html

Leia atentamente e compare com os documentos da última Conferência, disponíveis no blog da CMC:
http://conferenciadeculturadejoinville.blogspot.com/2009/11/docs-oficiais-2-cmc.html

Caso você tenha alguma sugestão de alteração a fazer no texto das propostas gerais do Plano, deverá:

1) Encaminhar sugestões via e-mail, para o endereço cmc.joinville@gmail.com, com assunto “Apreciação Pública PMC-Jlle”;
2) No corpo do email, você deve informar o número da página e da proposta, antecedendo a alteração sugerida;
Exemplo:
PÁGINA: 9
PROPOSTA: 1.1.3
SUGESTÃO: “nonononononononononononononononononononononononono”

3) Sugestões para alterações em textos, informar página e parágrafo conforme segue:
Exemplo:
PÁGINA: 9
PARÁGRAFO: 3
SUGESTÃO: “nonononononononononononononononononononononononono”

4) Todas as suas contribuições devem ser enviadas em uma única mensagem. Você receberá a confirmação do recebimento de suas sugestões. Caso não receba a confirmação, favor entrar em contato via telefone, junto à Fundação Cultural:
3433 2190 ou 9186 9460

As sugestões podem ser encaminhadas até quinta-feira, dia 6 de outubro. É importante que todos se agilizem e estejam atentos ao prazo.

Em caso de qualquer dúvida, coloco-me à disposição para esclarecer ou ajudar a localizar alguma proposta ou demanda no texto dos documentos da Conferência. Para isso, basta entrar em contato por email: edubaumann@yahoo.com.br

Deve-se levar em conta que as propostas de caráter específico dos setores já foram avaliadas por ocasião das Pré-Conferências realizadas este ano e resultaram em documentos específicos que deverão também integrar o corpo do Plano.

Registre-se que esta consulta pública via internet surgiu das moções apresentadas pelos setores de artes visuais, música e audiovisual nas Pré-Conferências destas áreas e que a aprovação destas moções por parte do Conselho Municipal de Cultura consiste num significativo avanço no sentido de ampliar os instrumentos de exercício da democracia na construção das políticas públicas.

Mãos à obra, então.

Eduardo Baumann, performer

DESCASOVILLE

Nesta semana, muito se tem comentado sobre as mazelas de Joinville. Um artigo do procurador Davy Lincoln Rocha provocou uma salutar polêmica. Creio que cabe incluir no debate o descaso por parte do poder público e, em particular, da Fundação Cultural em relação às condições para formação, produção e circulação de cultura em Joinville.
A interdição do Museu de Arte de Joinville, ocorrida na última semana, veio somar-se à sucessiva série de interdições de equipamentos públicos destinados à Cultura durante esta gestão. Casa da Cultura, Museu Friz Alt, Museu do Sambaqui, Escola de Panificação e parte da Cidadela Cultural Antarctica, Biblioteca Pública Municipal, todos encontram-se interditados. Isso sem mencionarmos situações como a do Museu da Bicicleta, que permanece sem espaço para seu acervo.
Paralelamente, assistimos uma política pública para a área da Cultura que se fundamenta no entretenimento e em ações pontuais, instaurando a precariedade também no âmbito simbólico da cultura. Agravando o cenário, assistimos a um retrocesso em relação à horizontalização democrática do processo participativo promovida nos últimos anos, sendo tomados de perplexidade e sentimento de impotência quando nos é negado o direito de opinar diretamente na construção do Plano Municipal de Cultura.
A Cultura em Joinville encontra-se sob o signo do desmantelo, da arbitrariedade e da provisoriedade, e a julgar pelos discursos daqueles que se encontram à frente do poder público, recheados de justificativas vazias e indiferentes à opinião pública, a situação só tende a piorar.

Casa da Cultura…até quando?

Há quase um mês, Joinville encara, atônita, a interdição de sua Casa da Cultura. A interdição, efetuada pela Vigilância Sanitária, apenas vem confirmar os alertas que vinham sido feitos quanto à precariedade das condições físicas da Casa da Cultura. Alertas que foram repetidos há tempo suficiente, sem que qualquer providência fosse tomada pela Fundação Cultural de Joinville.
Cabe aqui, a propósito, um questionamento, entre tantos que a interdição provoca. Como lidar com o fato de que a Fundação Cultural, órgão que desempenha um papel preponderante na salvaguarda do patrimônio cultural e histórico do município, falhe em zelar pelo seu próprio patrimônio?
Durante a audiência realizada pela comissão de educação e cultura da Câmara de Vereadores, em 18 de agosto, a Fundação Cultural manteve-se evasiva e, novamente, percebeu-se que a prática das decisões tomadas de forma arbitrária nos gabinetes, sem qualquer forma de consulta aos setores atingidos, infelizmente continua sendo uma constante desta gestão. Em nenhum momento, alunos, professores ou artistas foram consultados ou sequer comunicados acerca das tratativas para minimizar o problema com o deslocamento da estrutura da Casa da Cultura para outros imóveis.
A ausência de quaisquer canais de comunicação da parte dos gestores públicos em relação à comunidade ficou evidente nas falas do Presidente da Fundação Cultural, Sr. Silvestre Ferreira. Aliás, cabe aqui outro questionamento. Por que a interdição da Casa da Cultura não foi pautada na reunião do Conselho Municipal de Políticas Culturais, realizada uma semana depois do acontecimento?
É estranho que a Fundação Cultural tente jogar a culpa nas gestões anteriores, afinal já estamos no terceiro ano desta gestão. Da mesma forma, as tentativas de justificar a situação alegando a ausência de verbas e repasses, esbarra num ponto nevrálgico da questão que é o das priorizações efetuadas pelo poder público e a arbitrariedade com que essas prioridades são estabelecidas à revelia de qualquer participação dos setores culturais e da comunidade em geral, resultando num processo de deliberações em que as ações quase nunca correspondem às demandas efetivas da cidade.
As pré-conferências de cultura, que estão sendo realizadas a partir desta semana, constituem-se um fórum legitimo para que possamos debater esse lamentável estado de coisas. Em meio ao dirigismo que tem sido a tônica dessa gestão da Fundação Cultural, as pré-conferências são uma rara oportunidade dos setores terem voz em relação às situações de descaso que têm deixado à deriva a Cultura em Joinville.

Eduardo Baumann
Performer

Twitter: @altjoinville
Blog: altjoinville.wordpress.com

Calendário das Pré-Conferências de Cultura:
Artes Visuais: 27 de agosto (sábado), das 9 às 18 horas
Musica: 28 de agosto (domingo), das 18 às 21 horas
Patrimônio: 30 de agosto (terça), das 9 às 17 horas
Formação: 31 de agosto (quarta), das 19 ás 22 horas
Dança: 1º de setembro (quinta), das 19 às 22 horas
Comunicação: 3 de setembro (sábado), das 9 às 13 horas
Teatro e Circo: 4 de setembro (domingo), das 15 às 21 horas
Audiovisual: 5 de setembro (segunda), das 19 às 22 horas
Livro e leitura: 8 de setembro (quinta), das 19 às 22 horas
Produção cultural: 12 de setembro (segunda), das 19 às 22 horas

Carta aberta de Sylvia Napole acerca da Casa da Cultura

Meu nome é SYLVIA REGINA DI NAPOLE HENRIQUE, tenho 49 anos e sou estudante de Canto Popular – Bateria – Prática de Conjunto e Linguagem Musical, da Escola de Música Villa Lobos, na Casa da Cultura de Joinville, assim como meu esposo (guitarra, prática de conjunto e linguagem musical) e minhas duas filhas, sendo uma de 12 (piano, coral e linguagem musical) e outra de 8 anos, que estuda na Escola de Artes Fritz Alt.

Frequento a escola há 4 anos, depois de passar horas na fila para conseguir uma vaga, porque na época ainda não existia a inscrição pela internet.

Superei todos os obstáculos para esse estudo, porque sempre foi algo que gostaria de fazer, assim como minha família, o que nos trouxe, além da satisfação pessoal, um enorme prazer em poder adquirir cultura, além de criar enormes perspectivas pessoais a cada um de nós.

Nesse momento, nos encontramos perplexos com as atitudes inesperadas e mal planejadas tomadas pelas autoridades competentes, especialmente pela interdição do local.

Desde que freqüento a Casa da Cultura, percebo que nenhuma obra de manutenção foi executada, apenas alguns reparos, que, como pudemos perceber, nada adiantaram para evitar a interdição do local.

Então, pergunto:

– por que disponibilizarem um espaço para a dita “Cultura” da cidade, se não querem que esse local seja, de fato, público, e assim o sendo com total condição de acesso e utilização?

– por que essas autoridades responsáveis pela Cultura da Cidade não deram o devido acompanhamento para que tudo estivesse em perfeitas condições de uso?

– por que essas autoridades, que no meu entender, deveriam se dedicar a Cultua da Cidade, não atenderam a tantas reivindicações feitas ao longo desses anos, de novos projetos adequados ao bom funcionamento das aulas?

– por que a verba destinada a Cultura não foi utilizada para esse fim, pois se tivesse sido, nada disso estaria acontecendo?

– por que não valorizam aqueles concursados que se dedicam a ensinar com amor e carinho tudo aquilo que levaram anos de estudo para conquistar, passando por várias etapas até poder chegar onde chegaram, sem reconhecimento? Será que as autoridades não tem interesse em valorizar os artistas joinvillenses????

Ainda questiono mais:

– por que tanta demora em iniciar as obras necessárias? Percebem que nesse ínterim mais de 1.200 alunos estão sem poder dar continuidade aos estudos, aos seus projetos de vida, decepcionados e frustrados diante de tanto descaso? É isso que queremos para nosso futuro? Crianças e adolescentes crescendo assistindo a toda essa situação e observando que “não adianta lutar por um objetivo coletivo, pois ninguém faz nada mesmo!” Onde vamos chegar com tanto descaso? E os professores, ainda tem alguns interessados em lutar pelo bem social, e esses “alguns” são merecedores de total atenção e respeito pelas autoridades competentes. Incluo nessa lista aqueles professores e funcionários, em especial, a Coordenadora da Escola de Música Villa Lobos, Sra. Patrícia S. Macedo, que mal assumiu o cargo e já enfrentou greves e, agora, a interdição, e estão lutando para conseguir sanar esses impasses sem maiores prejuízos, além dos que já tivemos e estamos tendo.

Ouve-se dizer que a Fundação Cultural está buscando encontrar espaços alternativos para locar esses alunos, ficando claro a necessidade de separar as Escolas distintamente.

Ora, isso para mim significa retroagir, pois pelo que sei, foi uma conquista difícil dessas Escolas, para poderem funcionar concomitantemente, até mesmo pela facilidade nos estudos de muitos alunos, pois podem sair de uma aula, por exemplo: linguagem musical (EMVL) e ir para o ballet (Escola Municipal de Ballet), ou como eu faço, enquanto assisto a uma aula, minhas filhas também estão locadas em suas salas de aula, em especial a menor, que faz a Escola de Artes, ou seja, todos no mesmo espaço!

Será que o dinheiro que irão gastar para locação não poderia ser investido na reforma da Casa da Cultura?

Sabemos que com BOA VONTADE e DEDICAÇÃO tudo pode acontecer!

Por isso peço, em nome de muitos pais e alunos, que tomem atitudes urgentes para tentar, ao menos, reparar essas perdas e prejuízos, executando de imediato as obras necessárias para a retomada do espaço cultural de Joinville.

Continuarei a pagar em dia nossas mensalidades, assim como sempre fizemos desde o início, pois sabemos que essa verba é destinada a manutenção do local e dos instrumentos e objetos de uso coletivo.

Aguardo um urgente pronunciamento, como cidadã e com todos os direitos que nos são consolidados pelas Leis vigentes nesse país.

Joinvile, 13 de agosto de 2011

Sylvia Regina Di Napole Henrique

Rua Pio XII, 462 – Bom Retiro

(47) 3427-5536 / 9972-1314

napolesylvia@hotmail.com

Carta a Pierre Porto

Carta a Pierre Porto

Joinville, 10 de agosto de 2011.

Pierre, a Carta Aberta aos Setores da Cultura e aos Vereadores não é dirigida ao Conselho Municipal de Políticas Culturais. Portanto, não vejo porque deveria submetê-la ao Conselho. Até mesmo porque os conselheiros não consultaram suas bases na sociedade civil para deliberar acerca de decisão que gerou o meu documento. Da mesma forma que consideras reprovável o uso das redes sociais – que são justamente um instrumento de horizontalização do debate – eu considero reprovável que o Conselho opte por restringir o debate aos bastidores e gabinetes.

Como membro da sociedade civil é à sociedade civil que me reporto. Na Carta, falo sobre o Conselho mas não ao Conselho.
A votação que retirou da sociedade civil o direito de decidir direta e democraticamente sobre os rumos da cultura da cidade durante os próximos dez anos me parece sintomática em relação ao fato da maioria dos conselheiros serem, sim, coniventes – e aqui emprego o termo que, muito apropriadamente, usastes, – com a política partidarizante e antidemocrática do Presidente da Fundação Cultural de Joinville, Sr. Silvestre Ferreira.

Por atitudes como esta, muitos não se sentem representados pelo Conselho. Da minha parte, creio que a participação direta é, nesse caso, muito mais rica e democrática do que a representação indireta.

Em respeito à minha própria consciência, mantenho meu discurso e permanecerei empenhado em tentar ampliar o debate e permitir que a sociedade civil tenha parte ativa nesse processo.

Atenciosamente,

Eduardo Baumann

Performer.

Em resposta à carta publicada por Pierre Porto em http://blogtextosurbanos.blogspot.com/

CARTA ABERTA AOS SETORES DA CULTURA E AOS VEREADORES

Joinville, 8 de agosto de 2011.

CARTA ABERTA AOS SETORES DA CULTURA E AOS VEREADORES

Em um momento em que os setores culturais da cidade ainda se recuperam da alarmante notícia da interdição da Casa da Cultura, – a se somar aos demais aparelhos culturais públicos em semelhante situação, como a Biblioteca Municipal, o Museu Fritz Alt e, parcialmente, o Museu do Sambaqui-, mais uma vez é vedada a esses setores a participação ativa nas deliberações acerca do Plano Municipal de Cultura, que pretende definir as políticas públicas no município na área da Cultura nos próximos dez anos.

O debate permanecerá restrito aos bastidores e aos áulicos, graças a uma explosiva mistura de egos inflamados e interesses partidários.
Nesta segunda-feira, dia 8 de agosto, durante reunião do Conselho Municipal de Políticas Culturais, foi apresentada por Borges de Garuva e Charles Narloch a proposta surgida no GT Ampliado do Plano, que definia a 3ª Conferência Municipal de Cultura, a ser realizada em outubro, como instância final de consultas e deliberações acerca do texto do Plano Municipal de Cultura, de forma a legitimar o mesmo através do debate amplo e democrático com todos os segmentos que se dispusessem a contribuir de alguma forma.
Prontamente, o Sr. Silvestre Ferreira, Presidente da Fundação Cultural de Joinville, mostrou-se ferrenho opositor da proposta e assumiu os motivos políticos de seu posicionamento. A articulação empreendida pelo Presidente da Fundação Cultural deu margem a que o Conselho Municipal de Políticas Culturais se autoproclamasse instância final para a definição do Plano e negasse à Conferência a condição de fórum de deliberação do mesmo.
Mais uma vez, o campo majoritário do Partido dos Trabalhadores se escuda na aparente representatividade dos Conselhos para evitar a representatividade mais ampla e efetiva das consultas públicas.

Assim como o fiz em relação aos Fóruns Setoriais de Cultura realizados em maio deste ano, volto a perguntar: por que o Sr. Silvestre Ferreira, a Fundação Cultural de Joinville e o Conselho Municipal de Cultura, temem a horizontalização do processo? O que há de tão assustador na voz popular, na opinião daqueles que serão diretamente afetados por esse Plano?
Cada vírgula, cada artigo do texto do Plano pode fazer muita diferença para todos os que produzem e fruem de manifestações, práticas e expressões artísticas e culturais. Estamos falando de um texto que irá pautar as ações no setor durante dez anos.

Participei do Grupo de Trabalho que elaborou a prévia da minuta do Plano e, da minha parte, posso afirmar que não me mostro seguro que esse texto contemple todas as especificidades da diversidade cultural existente na cidade. Creio que apenas a ampla participação ativa e efetiva de todos os segmentos pode garantir essa segurança. Lamento que os conselheiros, gestores públicos e envolvidos não façam a mesma autocrítica em relação à complexidade que é dar forma às demandas de tantos.

É importante registrar que o discurso empreendido pela Fundação de que o Plano se respalda nos resultados das primeiras conferências oculta que as propostas originais sofreram alteração em seus textos e, em muitos casos, serviram de pretexto para a inclusão no corpo do Plano de projetos e programas da atual gestão, com a justificativa, dúbia e na maioria dos casos errônea, de que estes contemplavam as demandas pleiteadas. Numa manobra acintosa para perpetuar a perspectiva particular desta gestão por todo um decênio de políticas públicas na área da Cultura.

Há que se atentar, sobretudo, ao fato de que, diante dessa verticalização do processo, são penalizadas principalmente aquelas minorias que destoam dos grupos socioculturais hegemônicos e que tem na Conferência Municipal de Cultura a única forma de veicular de forma minimamente legítima seus anseios e suas demandas.

Cabe aos setores da Cultura perceberem que não podem corroborar com essa manipulação. Até mesmo por conta das garantias dadas à comunidade, durante a realização dos Fóruns Setoriais de Cultura, de que o texto do Plano seria submetido à plenária na Conferência Municipal de Cultura.

Assim como cabe aos vereadores perceberem a ilegitimidade da condução do processo e disporem das medidas cabíveis para garantir a voz a todos os que serão diretamente atingidos pelo Plano, através de audiência pública ou outros eventuais instrumentos, uma vez que é à Câmara de Vereadores que caberá a homologação do documento.

Eduardo Baumann,
Performer

Twitter @altjoinville

https://altjoinville.wordpress.com/

Relato da Reunião do Conselho Municipal de Política Cultural

Estive presente na quinta reunião ordinária do Conselho Municipal de Política Cultural, ocorrida nesta segunda feira, dia 30 de maio, e aproveito para deixar aqui o meu relato e compartilhar com todos o que foi registrado, debatido e deliberado.
Dando início à reunião, o Conselho dispôs sobre a sua nova composição, com a alteração dos conselheiros indicados pelo poder público, em razão das recentes mudanças no governo municipal.

Charles Narloch (conselheiro/Fundação Cultural) fez uma breve exposição sobre os diversos elementos que constituem o Sistema Municipal de Cultura.
Foi apresentado o cronograma referente ao Plano Municipal de Cultura, do qual constam as seguintes etapas:
a) Reuniões regulares do GT/Plano do CMPC, realizadas até o dia 16 de junho, para a elaboração da minuta do Plano Municipal de Cultura, a partir dos documentos resultantes dos fóruns setoriais ocorridos durante o mês de maio;
b) Finalização da minuta do Plano Municipal de Cultura, prevista para 17 de junho;
c) Encaminhamento do Plano Municipal de Cultura à executiva do Conselho, a ser realizado no dia 20 de junho;
d) Reunião extraordinária do Conselho Municipal de Política Cultural, em 4 de julho, para análise e aprovação do Plano Municipal de Cultura;
e) Pré-conferências dos diversos segmentos, a serem realizadas entre 25 de agosto e 15 de setembro, conforme agenda estabelecida pelos respectivos fóruns setoriais (agenda completa no blog do Conselho: http://cmpc-jlle.blogspot.com/p/agenda.html)
f) Terceira Conferência Municipal de Cultura, que ocorrerá entre 14 e 16 de outubro.

Foi esclarecido que o Plano não é a única instância de deliberação das políticas públicas de cultura no município e que, nesse sentido, uma das alternativas possíveis é o encaminhamento de moções e recomendações durante a conferência.
Também foi esclarecido que, diante dos resultados bastante parciais resultantes do diagnóstico inicial pretendido pelo Conselho, este terá seu caráter conjuntural, que reflete um momento específico e não dá conta da totalidade do panorama cultural e artístico do município, levado em conta na elaboração do Plano Municipal de Cultura Posteriormente, a prospecção deverá prosseguir de forma a permitir uma avaliação e um dimensionamento mais efetivos das especificidades da cultura na cidade.

Os conselheiros representantes da sociedade civil apresentaram breves relatos e avaliações dos fóruns setoriais realizados durante as últimas semanas.
A imensa maioria dos conselheiros apontou uma participação da sociedade civil nos fóruns aquém do esperado.
Contudo, na avaliação dos conselheiros, os fóruns conseguiram dar conta de determinar as prioridades de cada setor e fornecer subsídios para a elaboração do Plano Municipal de Cultura.

Os conselheiros Alena Marmo (Artes Visuais) e Gleber Pieniz (Comunicação) registraram a necessidade, percebida junto a suas respectivas bases setoriais, da reformulação e do reenvio dos formulários que servem de base ao diagnóstico e à prospecção de indicadores de cada setor, na intenção de aprimorar esses mecanismos e qualificar as informações obtidas.

O conselheiro Silvestre Ferreira (presidente da Fundação Cultural) assumiu que houve falha da comunicação e divulgação, tanto por parte da gestão pública quanto por parte dos conselheiros, no processo de convocação dos fóruns setoriais. Por outro lado, registrou que, apesar da reduzida participação da sociedade civil nos fóruns, os documentos resultantes destes reproduzem as deliberações tomadas em assembleia na 2ª Conferência Municipal de Cultura, ocorrida em 2009, e, portanto, refletem a perspectiva das cerca de quinhentas pessoas que participaram daquele processo.

O conselheiro Henrique Tobal (Audiovisual) considerou que talvez uma provocação funcione onde a convocação não funcionou e, nesse sentido, sugeriu que se publicassem os textos resultantes dos fóruns e se aguardassem as manifestações a respeito, afim de tentar ampliar o debate e contribuir para uma maior mobilização dos diversos setores para as pré-conferências.

Foi deliberado que o Conselho deverá elaborar um plano estratégico de comunicação, na intenção de ampliar a eficácia na divulgação e na mobilização para as pré-conferências e para a conferência.

A conselheira de Artes Visuais, Alena Marmo, atendendo solicitação minha, encaminhou pedido para que todos os membros da sociedade civil que estejam presentes nas reuniões do Conselho Municipal de Política Cultural possam ter direito a voz. Foi do entendimento da presidência do CMPC-Joinville e de todos os demais presentes que a solicitação era procedente e o direito a voz será facultado a todos, sem exceção, devendo-se apenas obedecer aos procedimentos internos que determinam que as solicitações a voz devem ser encaminhadas à mesa em cada sessão para respectiva homologação. Registre-se que este é um passo bastante considerável no sentido de promover uma maior horizontalidade do processo de construção de políticas públicas e efetivar o empoderamento de todos os cidadãos de alguma forma relacionados com a cultura, sem distinção. Lembrando que as reuniões do Conselho são públicas e, consequentemente, abertas a toda a comunidade e o cronograma das mesmas pode ser consultado no blog do Conselho: http://cmpc-jlle.blogspot.com/p/agenda.html

Em relação aos problemas de comunicação detectados na realização dos fóruns setoriais, o conselheiro Charles Narloch citou o exemplo dos colegiados do Conselho Nacional de Cultura, que criaram egrupos para agilizar e otimizar o processo de divulgação, mobilização e articulação dos setores e propôs que medida semelhante fosse tomada no caso de Joinville.

A presidente do conselho, Ilanil Coelho (conselheira de Museus e Espaços da Memória), sugeriu que, durante as pré-conferências, cada segmento estabeleça o cronograma, a dinâmica e a linha metodológica de seu respectivo fórum (reuniões presenciais ou virtuais, etc.), de acordo com suas especificidades.

A conselheira Taiza Mara Rauen (Patrimônio Imaterial) reiterou a necessidade de ampliar a divulgação dos fóruns, afirmando que o êxito do Sistema Municipal de Cultura depende, diretamente, dos fóruns serem instrumentos eficazes de articulação com a sociedade civil e de ampla construção das políticas públicas. Nesse sentido, sugeriu a criação de mecanismos de divulgação dos fóruns, que difundam junto à comunidade a noção da importância destes espaços como instância de empoderamento da sociedade no processo dessa ampla construção. A conselheira de Patrimônio Imaterial registrou ainda que é importante que se tenha consciência de que a própria conferência é eco dos trabalhos desenvolvidos nos fóruns.

O conselheiro Carlos Alberto da Silva (Música) reafirmou que se devem buscar mecanismos que permitam uma comunicação mais eficaz e formas de atingir um maior número de pessoas.

O conselheiro Charles Narloch registrou que não acredita que haja desinteresse por parte da sociedade civil mas um desconhecimento por parte desta em relação à abrangência do processo e citou, a título de exemplo, o fato de que, por ocasião da primeira consulta popular acerca da reformulação da lei de direitos autorais, em 2010, houve apenas uma única participação dentre todo o contingente de Artes Visuais, fato que atribui não a uma suposta falta de interesse quanto ao processo mas a um desconhecimento quanto à maneira como este tangencia todos os envolvidos com a cultura.

Em 4 de julho será realizada uma reunião extraordinária do Conselho Municipal de Política Cultural para avaliação do Plano Municipal de Cultura. A reunião ordinária do Conselho foi reagendada para 8 de agosto, em virtude da realização do Festival de Dança na segunda quinzena de julho.

Após a reunião que concluiria os trabalhos do fórum de Patrimônio, prevista para a manhã de hoje, a secretaria do Conselho Municipal de Política Cultural deverá disponibilizar no blog da Conferência (http://conferenciadeculturadejoinville.blogspot.com) todos os documentos resultantes dos fóruns realizados, com as respectivas prioridades de cada setor e a avaliação destes em relação ao estabelecimento de prazos para as deliberações tomadas pela 2ª Conferência Municipal de Cultura. Uma excelente oportunidade para se inteirar do processo e se preparar para as pré-conferências.

Eduardo Baumann, performer

Lembrando que este espaço é aberto à participação de todos, seja através de comentários ou da sugestão de temas a serem debatidos ou envio de textos. Os mesmos podem ser encaminhados para o email subsolojoinville@yahoo.com.br

A quem interessa a ausência de informação?

Causa-me particular estranheza que, diante da evidente falha de comunicação havida em relação aos fóruns setoriais de cultura, a Fundação Cultural de Joinville venha tentar se isentar de sua responsabilidade sob a justificativa de que a comunicação dos referidos fóruns caberia aos representantes da sociedade civil no Conselho Municipal de Cultura.

Igualmente me soa no mínimo estranha a afirmação do suplente do segmento de Comunicação no CMC, Gleber Pieniz, de que “nem CMPC-Jlle, nem FCJ são órgãos de divulgação”, cabendo a suposta culpa à mídia local por não repercutir de forma adequada a informação.

A divulgação de um evento convocado por uma instância pública caberia a órgãos de comunicação privados?

Registre-se que, segundo o regimento interno do Conselho Municipal de Cultura, em seu artigo 7º, a Secretaria do CMC “será composta por um integrante designado pelo Diretor Presidente da Fundação Cultural de Joinville”, o qual “ será um servidor público efetivo ou de comissão, lotado na Fundação Cultural de Joinville”. O mesmo regimento determina que, entre as atribuições do secretário, cumpre ao mesmo “dar publicidade ao cronograma de atividades do CMC-Jlle”.

Bastante conveniente ao poder público limitar a função de seu mailing à divulgação de eventos como os ciclos de cinema, a programação teatral local ou o mercado das pulgas e, dessa forma, restringir o acesso à informação no que diz respeito a um processo de debate que culminará no estabelecimento de metas para a política pública na área da cultura nos próximos dez anos.

Tréplica

Charles,

Creio que seria no mínimo reducionista apontar os representantes da sociedade civil no CMPC-Jlle como os eventuais responsáveis pelas falhas de metodologia, organização e comunicação.

Principalmente se levarmos em conta que boa parte dos assentos do supracitado conselho é ocupada por integrantes do poder público.

Quanto a se contemplarem alguns segmentos em detrimento de outros, a questão aí é bem mais ampla e grave. O poder público, nas suas diversas instâncias, tem se caracterizado pela manutenção de critérios e perspectivas tradicionais sem atentar para o surgimento de novas linguagens, mídias e processos no fazer artístico e cultural. Se não houveram representantes de segmentos como a moda ou o design foi em decorrência dos mesmos não terem merecido pré-conferências específicas por ocasião da supracitada conferência municipal de cultura de 2009. Participei do processo de organização da Conferência de 2009 e acabei tendo minha iniciativa de realizar uma pré-conferência junto a setores da chamada cultura underground praticamente esvaziada pelo aparelhamento e burocracia institucional envolvidos, que impôs alterações de datas, atrasou materiais gráficos e até reformulou, sem qualquer consulta prévia, a definição dos segmentos a serem atingidos, transformando-os em “mídias alternativas”, priorizando as linguagens digitais e anulando tudo que se referia ao caráter essencialmente alternativo e contracultural inicialmente proposto.

Há, sim, uma burocracia institucional que lança mão de modelos advindos da esfera federal, de agendas igualmente pautadas pelas instâncias federais e que, consequentemente, tolhe a liberdade deliberativa dos mencionados membros da sociedade civil em conselhos, fóruns e demais consultas populares organizadas pelo Estado.

A ausência do site da Fundação Cultural de Joinville não deveria ser justificativa plausível nesse caso uma vez que a autarquia em questão dispõe de um setor de comunicação.

A mencionada presença de informações relativas aos fóruns no blog do SIMDEC só foi postada nesta quarta-feira, a meros dois dias úteis da realização do fórum.

Recebi emails com o questionário/diagnóstico (também réplica de modelos federais) e relativos à provável realização dos fóruns em maio, sem, contudo, qualquer menção a data.

O que me parece tornar ainda mais acintoso e absurdo a maneira como se dá esse processo de instauração dos fóruns é que uma consulta desse porte demanda uma prévia mobilização que permita aos interessados a interlocução com seus pares, a elaboração de suas propostas e, sobretudo, a difusão dessa convocação a demais agentes culturais.

Justamente por estarmos abordando algo que constituirá a base do PMCJ, que regerá a política pública no município por toda uma década, esse ritmo abrupto dá margem a questionamentos e suspeições.

Atenciosamente,

Eduardo Baumann

Réplica

Debates em debate

As críticas apontadas na carta aberta do performer Eduardo Baumann, à organização dos fóruns setoriais de cultura em Joinville – que iniciam neste final de semana – levantam questões que preocupam a Fundação Cultural de Joinville. Toda a metodologia, datas e forma de convocação da sociedade civil, têm a participação direta dos integrantes do Conselho Municipal de Política Cultural – CMPC-Jlle. Os representantes dos segmentos contemplados no CMPC-Jlle foram eleitos democraticamente na última edição da Conferência Municipal de Cultura, em 2009, que contou com a participação de aproximadamente 600 pessoas.

Tais segmentos, hoje representados no Conselho, refletem exatamente as deliberações da Sessão Plenária desta mesma Conferência. Portanto, não são arbitrárias as definições de contemplar nos fóruns alguns segmentos em detrimento de outros, como sugere o performer, que participou ativamente de todas as fases de construção do atual modelo de gestão participativa e foi um dos principais articuladores da primeira edição da Conferência Municipal de Cultura, em 2007.

O Sistema Municipal de Cultura, do qual são partes constituintes o Conselho Municipal de Política Cultural, os Fóruns Setoriais e a Conferência Municipal de Cultura, dentre outras instâncias participativas de pactuação de políticas públicas de cultura com a sociedade civil, é uma realidade em Joinville. Seu modelo foi aprovado como a principal deliberação da última Conferência e, justamente por isso, quando foi encaminhado como projeto de lei à Câmara de Vereadores, foi aprovado por unanimidade naquela casa (Lei no 6.705, de 11 de junho de 2010). A existência destas instâncias não é prerrogativa de um Governo, mas se consolida como política de Estado, já que se configura como marco legal amplamente debatido. São raros os municípios do Brasil que já possuem estas instâncias garantidas por lei.

Quanto às reuniões dos Fóruns, todas as datas foram definidas pelos representantes eleitos da sociedade civil (e não por membros do Governo Municipal, como sugere o texto), após inúmeras consultas e encaminhamento de questionário/diagnóstico, por email, desde o mês de abril. A duração das plenárias (também questionada na carta) foi definida em consulta aos membros da sociedade civil que atuam no CMPC-Jlle.

Quanto à divulgação dos Fóruns, a Fundação Cultural de Joinville reconhece suas dificuldades momentâneas, especialmente quanto à ausência de seu site principal, atualmente em reformulação e previsto para ficar novamente online até o final deste mês. Entretanto, todas as informações do CMPC-Jlle, Fóruns e Conferências, continuaram neste período sendo divulgadas normalmente, por meio dos blogs do Conselho (www.cmpc-jlle.blogspot.com), da Conferência Municipal (www.conferenciadeculturadejoinville.blogspot.com) e do SIMDEC (www.blogdosimdec.blogspot.com), e por emails encaminhados pelos representantes da sociedade civil nesse Conselho.

Os Fóruns Setoriais, que durante este mês serão reunidos pela primeira vez após a aprovação da lei do Sistema Municipal de Cultura, terão papel fundamental na elaboração dos diagnósticos setorizados e na priorização das ações, definidas exclusivamente pela Sessão Plenária da Conferência Municipal de Cultura (disponíveis desde 2009 no blog da Conferência). São estas metas, diagnósticos, e ações – pactuadas por deliberação da sociedade civil – que constituirão a base do Plano Municipal de Cultura de Joinville, previsto para os próximos dez anos. Tal Plano, como prevê a legislação vigente, também será submetido à Câmara de Vereadores, para que se consolide como marco legal.

A Fundação Cultural de Joinville estimula o debate e reconhece a importância do performer Eduardo Baumann como partícipe da construção das políticas culturais hoje praticadas em Joinville. E espera, com esta manifestação pública, ter esclarecido alguns questionamentos. Por fim, manifesta sua total concordância com alguns pontos da carta aberta, especialmente em sua finalização, que tomamos a liberdade de transcrever por considerar absolutamente pertinente:

“Cabe a todos os envolvidos no processo da cultura – criadores, produtores, receptores – assumir sua efetiva condição de agentes da política no setor e chamar para si a organização desse debate acerca do que queremos para o segmento em nossa cidade” (Eduardo Baumann, em carta aberta de 12/5/2011).

Joinville, 12 de maio de 2011.

Charles Narloch

Diretor Executivo
Fundação Cultural de Joinville